“Nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos conscientes e comprometidos pode mudar o mundo. Na verdade, é a única coisa que já mudou.” (Margaret Mead)
Dizem que "o futebol é a coisa mais importante entre as coisas menos importantes na vida". E, talvez, a política seja o exato oposto. Faz sentido considerar a política como a coisa menos importante entre as mais relevantes da vida.
Afinal, quais são as coisas mais importantes na sua vida? Essa é uma questão bastante subjetiva, mas, para a imensa maioria das pessoas, a resposta geralmente envolve relacionamentos pessoais: família, amigos, comunidade, além de aspectos como saúde física, mental e financeira. E não podemos esquecer das nossas paixões, hobbies e crenças – tudo aquilo que faz a vida valer a pena.
E onde entra a política nessa equação? A verdade é que a política, ou, mais especificamente, algum nível de envolvimento com ela, permeia tudo isso. O péssimo estado da nossa política é, em grande parte, uma consequência da nossa ignorância e desatenção, que permitem que vigaristas, aproveitadores e sociopatas assumam o controle do cenário político.
Quanto mais corrupção e ineficiência no governo, mais do fruto do seu trabalho o Estado vai exigir. E, consequentemente, quanto mais ele exigir, mais você terá que trabalhar para garantir uma vida melhor – ou, no mínimo, decente – para a sua família. Isso significa menos tempo e energia para se dedicar às suas paixões e hobbies. Sem contar o impacto negativo que tudo isso tem na nossa saúde mental. A desesperança, a angústia e a falta de perspectiva podem desestabilizar aquilo que realmente importa na vida.
Pode parecer um clichê, mas é a mais pura verdade: "Aqueles que não se interessam por política estão condenados a ser governados por aqueles que se interessam…” demais e pelos motivos errados!
Mas calma! Não estou aqui para dizer que você precisa abandonar suas prioridades e se dedicar exclusivamente à política. É essencial, no entanto, que nós, que tivemos a oportunidade de deixar o país, mas escolhemos ficar e lutar (justamente porque entendemos que aquilo que realmente importa na vida está aqui), façamos uma reflexão profunda sobre nosso papel nesse momento da história do Brasil.
Refletindo sobre esse tema um exemplo histórico pertinente me vem sempre à mente: John Adams, um dos Founding Fathers dos Estados Unidos e seu segundo presidente. Durante parte do período revolucionário, ele serviu como adido diplomático na França, um aliado vital na desigual guerra entre a maior potência econômica e militar da época e suas 13 colônias. Numa carta para sua esposa, Abigail, ele expressou claramente o senso de propósito que o movia (e que o mantinha longe das distrações que a capital cultural do mundo à época proporcionava):
“Devo estudar política e guerra para que meus filhos tenham liberdade de estudar pintura e poesia, matemática e filosofia. Meus filhos devem estudar matemática e filosofia, geografia, história natural, arquitetura naval, navegação, comércio e agricultura, para dar aos seus filhos o direito de estudar pintura, poesia, música, arquitetura, estatuária, tapeçaria e porcelana.” (Carta de John Adams para Abigail Adams, 12 de maio de 1780)
É claro que nem todos terão a oportunidade ou o talento para ser um John Adams, um George Washington ou um Thomas Jefferson da nossa época. Mas se cada um fizer sua parte, o fardo se torna mais leve e, certamente, chegaremos mais longe!
A questão está posta: seremos coniventes e continuaremos reclamando enquanto nos acomodamos no conforto relativo das nossas poltronas, enquanto o país se deteriora e nossos filhos apenas aguardam a chance de partir? Ou teremos uma participação ativa na construção de um Brasil melhor? Aceitaremos ser governados e roubados pelos piores dentre nós ou nos empenharemos para garantir que, ao menos, tenhamos a consciência tranquila, sabendo que fizemos nossa parte?
Sou do time dos que não desistiram do Brasil. Após um recuo estratégico da linha de frente da política, após minha não eleição a deputado federal em 2022 (como muitos sabem, sou o 1º suplente pelo NOVO no Rio Grande do Sul), usei os últimos dois anos para trabalhar pela renovação política no Brasil e, não menos importante, para refletir de maneira mais introspectiva sobre os rumos do país e meu papel nesse processo.
E agora, pretendo voltar à ativa, colocando em formato escrito e falado algumas das minhas reflexões nessa jornada. Vamos juntos nessa caminhada!
Comments