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ENTRE TARIFAS E RETALIAÇÕES, DOIS ERROS NÃO FAZEM UM ACERTO

  • Foto do escritor: Fábio Ostermann
    Fábio Ostermann
  • 16 de jul.
  • 2 min de leitura

O decreto de reciprocidade assinado por Lula, em resposta à sobretaxa de produtos brasileiros por Donald Trump, é uma resposta equivocada a uma medida equivocada tomada pelo presidente americano. Dois governos erram, e o cidadão paga a conta.

 

O erro de Trump é claro: a tarifa de 50% sobre nossos produtos é, antes de tudo, prejudicial aos próprios americanos. Pagarão mais caro por aço, calçados e suco de laranja. Empresas brasileiras exportadoras sofrem, mas o principal lesado é o consumidor americano. Adicionalmente, é claro, a economia brasileira como um todo sofrerá, por conta do prejuízo às empresas brasileiras exportadoras para o mercado americano. São bilhões em transações entre empresas e consumidores brasileiros e americanos que simplesmente deixarão de ocorrer por conta do aumento artificial dos preços causado pela sobretaxa.

 

O erro de Lula, no entanto, é ainda mais grave para nós. A retaliação, ao sobretaxar produtos americanos, não "defende a indústria nacional", mas sim pune o brasileiro. O consumidor pagará mais caro por produtos importados e terá menos opções. A indústria que utiliza insumos americanos terá seus custos elevados, perdendo competitividade.

 

A melhor política, mesmo diante de um parceiro comercial protecionista, é manter o livre comércio unilateralmente. Isso garante o máximo de bem-estar para a própria população. Não é porque um governo estrangeiro maltrata seus cidadãos com restrições ao comércio que limitam suas opções e diminuem seu poder de compra que devemos fazer o mesmo por aqui.

 

Comércio não é uma guerra de soma-zero, mas uma forma de cooperação mútua onde as duas partes saem ganhando. Ver a imposição de tarifas como um "ataque" que exige "retaliação" é adotar a lógica equivocada do nacionalismo em detrimento da racionalidade. A atitude correta não é criar comitês "para adotar contramedidas", mas sim buscar apaziguar os ânimos pelas vias diplomáticas e reafirmar o compromisso do Brasil com o livre comércio, para o benefício dos próprios brasileiros, independentemente das políticas de outras nações.

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